O novo filme de Lars Von Trier, que estreia
dia 10, levanta polêmica e abre discussão sobre “sexualidade patológica”
e passividade feminina no cinema
Além dos bastidores da produção de Cinquenta Tons de Cinza no
cinema, que está deixando o mundo inteiro em polvorosa (por aqui
contamos cada minuto de espera), outra superprodução chama a atenção
pelo conteúdo sexual: trata-se de Ninfomaníaca, filme do cineasta dinamarquês Lars Von Trier
dividido em dois volumes e que estreia a primeira parte no Brasil na
sexta (10.01). A produção conta a história de Joe, personagem
interpretada por Charlotte Gainsbourg, diagnosticada
com ninfomania - e que contracena com o tudo-de-bom Shia LaBeouf. As
cenas de sexo explícito (e intenso) fizeram, inclusive, com que alguns
dos trailers liberados pela produção do filme fossem censurados no
Youtube.
Em entrevista à edição francesa da revista Vanity Fair, a própria
Charlotte confessou que algumas cenas foram tensas para ela. “Me recusei
a fazer duas cenas: masturbar um ator pornô e aparecer no avião ao lado
dele, enquanto o mesmo ator se masturbava”, disse Charlotte. E a
polêmica vai além do calor sexual! O filme de Von Trier levanta um
questionamento (já existente) de que grandes diretores de Hollywood
criaram um estereótipo de mulheres submissas, com corpos explorados
pelos homens como objetos sexuais.
Pré-debate: em novembro de 2012, os cinemas da Suécia passaram por
fiscalizações para o que chamam de “discriminação de gênero sexista”.
Como exemplo citam por lá a aclamada série Sex and Th City, em
um episódio em que Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) está na mesa
com suas amigas e Miranda (Cynthia Nixon) argumenta: “Como é possível
que quatro mulheres inteligentes não falem de outras coisas além dos
seus namorados? É como estar no colegial, só que com dinheiro na conta
bancária”.
Agora, a atriz Geena Davis também entra na luta pela censura da
polêmica “sexualidade patológica” mencionada pelos grupos feministas. O
objetivo da ONG Geena Davis Institute on Gender in Media
é mudar a imagem estereotipada de mulheres na mídia. “O que aparece
nos meios de comunicação é que só os homens estão fazendo coisas
interessantes, e aí aparecem filmes com as mulheres como seres
fragilizados e submissos. Isso precisa mudar”, diz Geena em comunicados
oficiais desde a criação do seu Instituto."As mulheres servem cada vez
mais para alimentar o voyeurismo dos cineastas. Eu não quero ter que
assistir algo na TV com meus filhos e eles crescerem achando que as
mulheres são o que aparentam nestes filmes". Desde o final de 2012, a
atriz conseguiu apoio da ONU para uma iniciativa de fiscalização também
nos cinemas da Austrália, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão,
Rússia, Reino Unido e Espanha. A meta é filtrar uma a uma as produções
feitas nesses países para que as mulheres deixem de aparecer como
figuras tão passivas nesses filmes.
Em uma das cenas censuradas em Ninfomaníaca (a versão sem
cortes será lançada no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro), a
personagem de Joe e sua amiga soltam frases como "Para mim, o amor
sempre foi apenas luxúria somada ao ciúme". Ao que tudo indica, os
amantes de pornô soft vão adorar a produção de Lars Von Trier.
Mas e as feministas, o que vão achar? Queremos saber: você concorda que a
imagem da mulher no cinema é frágil e submissa? Opine no espaço de
comentários!
"Ninfomaníaca”: sensualidade na telona ou machismo explícito?
Reviewed by Portal G2
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12:09
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