Luciana Sargentelli volta a desfilar na Sapucaí
Bailarina cruzou a Avenida com os pés sangrando em 1992, pela Estácio de Sá, e hoje tenta se livrar dos quilos a mais: 'Vivo na luta contra a balança'.
Luciana
Sargentelli, nos anos 1990, quando era rainha de bateria, e hoje, aos
43 anos, quando voltará ao carnaval: "Não teve briga, não teve decepção.
Parei porque queria descansar" (Foto: Arquivo Pessoal)
Mesmo 22 anos depois, o Carnaval
de 1992 estará para sempre marcado na biografia de Luciana Sargentelli.
Filha de Oswaldo Sargentelli, o maior conhecedor de mulatas que o
Brasil já teve, a bailarina viveu um momento mágico, como gosta de
frisar, durante o desfile da escola de samba Estácio de Sá.
Luciana Sargentelli no alto do carro-tripé de onde saiu
com os pés sangrando (Foto: Arquivo Pessoal)
O enredo era Pauliceia Desvairada, e nele Luciana pôde viver seu
próprio desvario. "Eu fui rainha de bateria da escola durante 12 anos.
Como naquela época viajava o mundo inteiro fazendo shows, os carvalescos
Mario Monteiro e Chico Espinoza não sabiam se eu iria voltar a tempo de
assumir meu posto, e convidaram Monique Evans para ser a rainha. Quando
cheguei ao Brasil, eles decidiram construir um carro-tripé para que eu
desfilasse. Só que eu não sei me controlar. Comecei a sambar
freneticamente e senti que de sandália, que era muito maior que meu pé,
eu iria despencar. Fiquei descalça e só fui notar meus pés sangrando no
meio do desfile. E era muito sangue! Mas como digo, eu entrei em êxtase
naquele desfile, ouvindo a arquibancada cantar nosso samba. Sabia que
seríamos campeões", recorda ela, que após um longo hiato, volta à
agremiação que a consagrou na Sapucaí.com os pés sangrando (Foto: Arquivo Pessoal)
Luciana Sargentelli, na quadra da Estácio, com a filha
Gabriela, de 15 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
O retorno de Luciana aconteceu após uma homenagem a ela na quadra da
Estácio, e, sem pensar um segundo, ela disse sim ao convite recebido
para desfilar: "Foi uma noite linda, com recordações emocionantes. Como
não aceitar?". Os detalhes de onde e como vai sair, Luciana ainda
desconhece. Mas até lá, trata de correr atrás de um tempo que ficou
apenas nas lembranças.Gabriela, de 15 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Símbolo sexual nos anos 1980 e 1990, Luciana conta que se afastou gradativamente do carnaval porque estava cansada. "Queria estudar, ampliar meus horizontes. Meu objetivo nunca foi aparecer por ser bonita ou por ser uma figura carnavalesca. Quem me conhece sabe que a dança pra mim sempre foi levada muito a sério. Só que chegou uma hora que cansei de tudo isso, e fui tentar novas áreas. Não teve briga, não teve decepção. Parei porque queria descansar", justifica ela, que decidiu cursar a faculdade de Ciência da Computação: "Na época eu era apaixonada por computadores e tentei unir o agradável ao útil. Eu achava que seria executiva da IBM!".
Mas os planos audaciosos não chegaram a se concretizar e, profunda conhecedora da culinária brasileira - muitas vezes ela orientava os chefs que atendiam seu grupo de dança fora do país -, Luciana enveredou-se pelo mundo das panelas. Acabou de se formar em técnica de cozinha e já coloca em prática o que aprendeu em sala de aula. "Hoje faço jantares na casa de clientes, entrego congelados vegetarianos, mas já fiz quentinhas também", conta, orgulhosa.
Luciana Sargentelli e o namorado, o radialista Jimmy
Raw (Foto: Arquivo Pessoal)
Aos 43 anos, mãe de uma filha de 15, Luciana está namorando há seis
anos o radialista Jimmy Raw e se divide entre sua casa no Maracanã, Zona
Norte do Rio, e a dele, em Teresópolis, na Região Serrana. A rotina de
dançarina a deixou com sequelas. "Meus tornozelos são completamente
detonados. Se saio de salto em uma noite, no dia seguinte fico sem andar
quase. Sinto muitas dores", diz. Para consertar o que os anos de
ziriguidum estragaram, faz pilates três vezes por semana e quer
experimentar o treinamento funcional.Raw (Foto: Arquivo Pessoal)
Luciana Sargentelli na Sapucaí (Foto: Arquivo Pessoal)
Após engordar 23 quilos nos últimos 15 anos, Luciana quer acabar de vez
com o efeito sanfona e sair dos 86kg e voltar à casa dos 60kg, que
mantinha em seus 1,72m: "E quando eu dançava eu me achava gorda! Como
pode? Vivo nessa luta contra a balança. Emagreço cinco, engordo quatro
quilos. Quero encontrar a chave do equilíbrio. E a bem da verdade, eu
relaxei mesmo. Mas não sinto nenhum preconceito porque estou fora dos
padrões da barriga negativa", garante ela, que intensificou os
exercícios para o carnaval: "Não sou mais do meio artístico, então, essa
cobrança já não é tão grande. Mas, claro, que quero estar bem perante a
tantas mulheres lindas do carnaval. Mas, pensa, será tão rápida minha
passagem, que quero mais é curtir essa volta. Não sei o que vai me dar
na hora. Só peço para não me colocarem em carro, não sei me controlar. O
meu sangue ferve é no chão, sambando".
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