Musas do carnaval de SP formam grupo de funk: 'A gente quer arrasar'
Rainhas do Funk trocam a avenida pelos palcos e esperam fazer sucesso com a música 'Estilo Beyoncé', que mistura o 'batidão' com os tamborins.
Rainhas do Funk (da esquerda para direita): Fabiana, Ana Paula, Renee e Tharine
Para um grupo de musas do carnaval
de São Paulo não basta mostrar samba no pé, tem que mandar ver no
rebolado ao som de funk também. Desde 2013, Renne, Fabiana, Ana Paula,
Tharine e Cinthia - a formação atual do grupo - se revezam entre a
avenida e os palcos, onde se apresentam como o grupo Rainhas do Funk.A ideia de criar o grupo surgiu na volta de um evento em que elas se apresentaram como passistas. "Dentro do ônibus começamos a conversar: 'Vamos montar um grupo de funk? Não existe um grupo só de negras. Vamos montar um grupo diferente?'", lembra Renne, musa da Bateria da Acadêmicos do Tucuruvi.
Se no carnaval elas atraem olhares com pouca roupa, no funk o assédio é ainda maior. "No carnaval, a gente tem uma rotina diária, estamos na quadra, tem muitas pessoas que nos conhecem e são da comunidade, então estão acostumados com o nosso rosto porque estamos sempre presentes. Mas no funk é sempre um lugar diferente, com pessoas diferentes, que às vezes nunca ouviram falar da gente. Tem mais assédio", conta Renee.
Rainhas do Funk posam para o EGO
Pressão no mundo funkO fato de já terem jogo de cintura por conta do samba nem sempre facilita as coisas. Elas contam que por causa do posto de musas de carnaval a cobrança no funk é ainda maior: "Eu acredito que as pessoas pensam: 'Elas sambam bem, mas agora quero ver no funk'. É um desafio que as pessoas impõem pra gente. Mas eu acredito que nós mandamos bem", afirma Ana Paula, musa da Acadêmicos do Tucuruvi.
"Por sermos negras, eles esperam muito da gente. Fica aquela expectativa: 'As negonas devem arrasar'. As recalcadas ficam lá de baixo só reparando se a gente vai descer até o chão mesmo", completa Renee, aos risos.
Tirando Renee, que é casada, todas as meninas estão solteiras. E o motivo é um só: "Faltam homens de cabeça formada, que não ligam para o que os outros falam. A gente trabalha com a nossa imagem e com o nosso corpo, mas relacionamento é relacionamento e trabalho é trabalho. Tem que saber separar", lamenta Ana Paula.
Investimento pesado
Apesar da agenda cheia, as meninas ainda lutam para viver só de shows. Além de apresentações com o grupo de funk e como passistas, algumas meninas mantêm seus trabalhos como produtora, cabeleireira e agendando consultas. O dinheiro investido no Rainhas do Funk é delas. "Sai tudo do nosso bolso. O custo é todo nosso, a gente divide, corre atrás... não temos patrocinador, mas essa batalha vai fazer com que a gente sorria depois", acredita Renee.
O sonho das moças é um dia serem reconhecidas, como Valesca Popozuda, uma das suas musas. "Queremos estar na mídia, ir no ‘Faustão’, fazer ‘Arquivo Confidencial’ (risos), ir no ‘Encontro com a Fátima Bernardes’... tem que pensar alto. A gente quer arrasar", diz Renee.
Ana Paula completa: "Esse é o nosso sonho, a gente tem um investimento pesado em cima do grupo, com roupas, músicas... A gente quer um ano de conquistas".
Rainhas do Funk posam para o EGO (Foto: Iwi Onodera/EGO)
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