Adolescentes e crianças com depressão: dicas e sinais de alerta

Vamos dar mais atenção e cuidado aos adolescentes?
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Foto: StockSnap/Xavier Sotomayor
 Há poucos dias, uma notícia sobre o suicídio de três alunos do ensino médio de dois colégios tradicionais de São Paulo, num intervalo de poucos dias entre eles, chocou a todos e chamou atenção de pais e educadores. Se a morte é um assunto difícil, quando é provocada pelo indivíduo, pega a todos desprevenidos. Sendo este jovem, a dificuldade de aceitá-la é ainda maior.
O suicídio ainda é tabu, algo difícil de ser compreendido e cercado de preconceito, pois há quem o julgue ato de covardia. Nem as religiões absolvem quem o comete, independentemente do motivo, ele é considerado pecado no cristianismo, no judaísmo e no islamismo. Não há perdão para o suicida.

Os casos de suicídio têm aumentado no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, foram 722 mortes em 2015, na faixa etária de 15 a 19 anos. No mundo, o suicídio é a segunda causa de mortes de jovens. Se os motivos para uma pessoa cometer um ato tão definitivo muitas vezes permanecem desconhecidos, sabe-se que a depressão é um fator importante. A notícia de uma morte autoinflingida traz perguntas, e uma delas diz respeito a como a pessoa estava se sentindo: triste, sozinha, desesperançada? Deprimida? Por que desistiu de tudo? E que sofrimentos um adolescente pode ter que expliquem um ato radical?
Na realidade, a depressão, ao contrário do que se pensa, atinge todas as idades, mas, em indivíduos jovens, pode ser confundida com problemas de comportamento, birra ou mau humor. Em crianças, pode se originar de situações estressantes como conflitos familiares (separação), abuso físico e/ou emocional, morte de pessoa querida ou do animal de estimação, mudança de rotina (escola, casa) e bullying. A adolescência, que é uma fase de grandes mudanças, potencializada pelo turbilhão hormonal, envolve rebeldia, com a busca por autoafirmação e afastamento dos pais.
A atração pelo risco e por aventuras, por experimentar, quebrar regras e testar limites, ser legal ou ser aceito por um grupo, pode significar muita pressão para alguns jovens. Os mais tímidos sofrem com a dificuldade de encontrar uma turma e se encaixar nela, e podem se tornar mais inseguros e retraídos. Crescer nunca foi tão difícil.
Crianças e adolescentes às vezes têm dificuldade de expressar pensamentos ou sentimentos, por vergonha, culpa ou angústia, decorrente da imaturidade emocional, própria da idade. A família e a escola devem prestar atenção aos primeiros sinais de que o comportamento não é apenas uma fase. E procurar ajuda profissional, se necessário. Como diz o ditado popular, prevenir é melhor que remediar.
Sinais de alerta em crianças com idades entre 2 e 12 anos:
Manifestação de tristeza no rosto (ausência de sorrisos) e no corpo (ombros caídos); parar de brincar, seja sozinha ou com os coleguinhas; sonolência constante; birras e irritabilidade frequentes; muito choro e sensibilidade exagerada; diminuição ou falta de apetite; dificuldade para dormir ou sono agitado com queixa de pesadelos; dificuldade de se separar dos pais ou cuidadores; queda de rendimento na escola; regressão nos estágios desenvolvimento (como fazer xixi na cama e não controlar as fezes); sentimento de inferioridade (percebidos em comentários do tipo "Não sei fazer nada" ou "Ninguém gosta de mim").
Dicas para lidar com estas situações:
Respeitar os sentimentos da criança, demonstrando compreensão e empatia; incentivar a criança a fazer as atividades que apreciava e a brincar com os coleguinhas, mas sem pressão; elogiar e dar atenção à criança; cuidar de sua alimentação e do seu descanso, incentivando uma rotina saudável.
Sinais de alerta em adolescentes:
Tristeza e choro constante; problemas de memória e de concentração, queixas de cansaço; alterações do sono; variações bruscas de humor; apatia, desinteresse ou falta de prazer em atividades rotineiras, antes apreciadas, como praticar esportes ou ir ao shopping; perda ou ganho de peso (perda de apetite ou episódios de excessos, principalmente de comidas de conforto); evitação social, condutas antissociais e destrutivas, abuso de álcool e drogas e aparecimento de marcas de queimaduras e cortes (sinais de autolesão).
Dicas para lidar com estas situações:
Apoiar e incentivar o jovem a fazer atividades prazerosas que o tirem do casulo e o ajudem a extravasar os incômodos naturais desta fase de mudanças; trocar o controle pelo diálogo, orientar mais do que proibir; incentivar que o adolescente expresse suas dúvidas e tristezas, sendo compreensivo e não crítico.
Por Maria Cristina Ramos Britto - Psicóloga com especialização em terapia cognitivo-comportamental.

Vila Mulher

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