Falta gasolina, não tem pão no Mc Donald's: veja efeitos do protesto dos caminhoneiros

Marcello Casal jr/Agência Brasil A paralisação dos caminhoneiros no País está afetando a distribuição de alguns produtos e a realização de serviços que atendem a população foram fortemente prejudicadas. O Brasil parou, e o abastecimento de vários setores está comprometido - um dos mais sentidos é o de combustível.
O que, de fato, até agora foi impactado pela suspensão do trabalho dos caminhoneiros? E o que, afinal, os trabalhadores estão pedindo?

O que foi impactado pela paralisação dos caminhoneiros

Fila em postos de gasolina para garantir combustívelMarcello Casal jr/Agência Brasil

O caos por conta do movimento dos caminhoneiros provocou uma corrida à bomba nos postos de gasolina em algumas cidades. De acordo com informações da Agência Brasil, motoristas do Distrito Federal anteciparam a ida para encher o tanque na noite de quarta-feira, com receio de que falte combustível para os carros nos próximos dias.

Falta de produtos em supermercados e postos de abastecimento

As prateleiras dos supermercados em alguns estados do Brasil já demonstram a falta de alguns alimentos, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados, a Abras. "Isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito", disse a entidade, em nota publicada no site oficial.

A Associação garante que está buscando "sensibilizar o Governo Federal" para resolver a situação e evitar um possível aumento de preço dos produtos, por conta do desequilíbrio de oferta e demanda que pode acontecer em algumas regiões.
Marcello Casal jr/Agência Brasil

Matéria publicada pelo site da revista Veja também aponta que alguns produtos já estão sendo vendidos mais caros na Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, por conta da dificuldade de abastecimento feito por caminhões vindos de outros estados.
A Veja apurou, por exemplo, que o preço da batata asterix subiu 82% em comparação a semana passada - quando ainda não havia a paralisação dos caminhoneiros.
A chegada de alimentos como manga e mamão, da Bahia e do Espírito Santo, e melão, do Rio Grande do Norte, também já sofre com os reflexos do protesto. Verduras e legumes, levados do interior de São Paulo, ainda não sofreram atrasados na entrega.
Rovena Rosa/Agência Brasil

Caos também afeta ônibus em algumas cidades

No Rio de Janeiro, o Consórcio BRT, que opera o sistema de ônibus articulados na cidade, informou que o serviço foi comprometido por conta da crise de abastecimento causada pela paralisação dos caminhões. A empresa divulgou no site quais operações estão funcionando normalmente.
São Paulo amanheceu nesta quinta-feira (24) com 40% da frota de ônibus reduzida. Segundo matéria da Agência Brasil, a Prefeitura informou que, caso o movimento não seja suspenso, os veículos que fazem a coleta de lixo na Cidade também poderão ser impactados com a falta de combustível.

Entrega de Sedex com dia e hora marcados suspensa

Antonio Cruz/Agência Brasil

Quem encomendou alguma mercadoria pelo Sedex também sentirá o impacto da paralisação nacional dos caminhoneiros no dia a dia. Segundo os Correios, "o movimento tem gerado forte impacto às operações" e, por isso, "estão temporariamente suspensas as postagens das encomendas com dia e hora marcados (SEDEX 10, 12 e HOJE)".
Ainda dá para postar na modalidade Sedex simples e PAC, mas a empresa avisa que, enquanto houver efeitos da paralisação, o prazo de entrega de produtos e correspondências terá acréscimo de dias.

Mc Donald's ficou sem pão em algumas lanchonetes

Conforme apurado pelo site do Jornal O Globo, uma unidade da rede de fast-food Mc Donald's ficou sem pão em Copacabana, no Rio de Janeiro.
O gerente da lanchonete explicou que o pão do sanduíche é transportado de São Paulo e os hambúrgueres e salada, do Espírito Santo. A paralisação fez com que os produtos ficassem retidos nas distribuidoras e afetou a produção de Big Mac na unidade.

Mais restaurantes sem abastecimento

A Agência Brasil informou que, segundo a Associação Nacional de Restaurantes (ANR), redes como Divino Fogão, Domino’s, Habib’s, Koni, Subway, Spoleto e The Fifties estão com problemas de desabastecimento em algumas de suas unidades.

Aviões podem sofrer com falta de combustível

Na noite de quarta-feira, a Infraero emitiu um comunicado sobre a situação do abastecimento dos aviões nos aeroportos administrados por ela. Por enquanto, a situação do estoque de querosene de aviação nos terminais aeroportuários está sendo monitorada pelo órgão.
Uma matéria publicada pelo G1, entretanto, divulgou um relatório da Infraero sobre o nível de abastecimento alguns aeroportos do País, onde estima que parte deles só teria combustível por mais alguns dias. Para o passageiro evitar dor de cabeça, a Infraero orienta que ele procure a companhia aérea para confirmar a situação do voo marcado.

Protesto dos caminhoneiros: o que pedem e negociações

Fernando Frazão/Agência Brasil Caminhoneiros estão desde segunda (21) paralisados em rodovias brasileiras, o que tem gerado efeitos de desabastecimento em vários setores. O protesto está sendo feito por várias entidades representantes de caminhoneiros, mas a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) tem divulgado vários posicionamentos oficiais sobre o movimento.
Basicamente, os caminhoneiros paralisaram para pedir redução do preço do óleo diesel (o que foi acatado pela Petrobras, com redução de 10% no preço durante 15 dias).

Fato é que a medida é caracterizada pelo Governo como "excepcional" e não muda a política de preços estabelecida para os combustíveis (ou seja, o preço do diesel continuará sendo impactado pelo preço do petróleo no mercado internacional e pelo valor do dólar).
A solução que está sendo dialogada entre o Governo e os caminhoneiros é de colocar na mesa possível diminuição de tributos sobre o produto.
Na manhã de quinta-feira, Michel Temer, o presidente da Petrobras, Pedro Parente e membros da equipe econômica e da área de transportes do Governo estiveram em reunião para tentar encontrar soluções para a paralisação, mas não houve acordo. O Governo foi avisado sobre o protesto no dia 15 de maio.
Por que o caos está instaurado?

Wikimedia Commons

Vale lembrar que o problema de desabastecimento em vários setores, causado pelos bloqueios nas rodovias feitos pelos caminhoneiros, acontece porque o Brasil é um "país rodoviário": 90% dos passageiros e mais de 60% das cargas que circulam no país dependem do transporte rodoviário, segundo dados da Confederação Nacional de Transporte (CNT).